Nutrição Materna

17/01/2022

Existe um período crítico no qual a nutrição adequada é decisiva ao longo de toda a vida. Esse período corresponde aos primeiros mil dias de vida de todo ser humano!

Os 1000 dias que compreendem desde o início da gestação (os nove meses) até o segundo aniversário (dois anos de idade) na vida de uma criança é o período internacionalmente conhecido como a "janela de oportunidades", por ser uma oportunidade única para assegurar um futuro mais saudável e próspero, tanto no nível individual como para toda a sociedade.

Veja como a alimentação e nutrição contribuem desde antes da gestação até o pós-parto e a amamentação:

Antes de Engravidar

A nutrição correta pode ajudar na fertilidade do casal, tanto para o homem como para a mulher. Nutrientes são essenciais para a produção e mobilidade dos espermatozoides e para a ovulação e fecundação na mulher.

Recomendo antes de engravidar revisar o estado nutricional dos futuros pais especialmente quanto às vitaminas A, C, E, complexo B, minerais como zinco e selênio, gorduras essenciais e também dos níveis de adiposidade.

Restrições alimentares, carências nutricionais e dietas hipocalóricas mesmo antes de engravidar podem impactar a evolução da gestação e a saúde futura da mãe e do bebê. Por exemplo, durante os primeiros dias logo depois da concepção, antes mesmo de a mulher saber que está grávida, a vitamina B9 (folato ou ácido fólico) é essencial para a perfeita divisão celular e redução nos riscos de malformações congênitas, como os defeitos do tubo neural.

Como parte do planejamento familiar, considero a revisão do estado nutricional dos futuros pais bastante importante. Durante a consulta nutricional comigo, identificaremos, avaliaremos e buscaremos corrigir oportunamente as carências e excessos de nutrientes para garantir um ótimo estado de saúde para a concepção e gestação futura. 

Durante a gestação:

A mulher grávida tem necessidades nutricionais específicas. Tanto a qualidade e a quantidade de alimentos, como a frequência de consumo devem ser cuidadas, pois toda a nutrição do bebê depende do que chega pela corrente sanguínea da mãe. Todas as demandas impostas ao corpo da mulher para gerar o feto precisam ser atendidas para garantir uma gestação saudável.

Para vários nutrientes, a gestante precisa ingerir quantidades muito maiores do que antes de engravidar. Por exemplo, ela precisa dobrar a quantidade consumida do mineral ferro para atender as novas demandas nutricionais.

Porém, ao contrário do que a crença popular diz, a gestante não deve comer por dois, pois o excesso de nutrientes, inclusive de proteínas, pode ser bastante prejudicial para a mãe e o bebê.

A má nutrição, tanto por excesso como por carência nutricional, pode trazer consequências graves. O inadequado estado nutricional da gestante está relacionado com maior número de infecções, menor crescimento fetal, danos neurológicos, baixo peso ao nascer, maior risco de hemorragia, mortalidade infantil, materna, e de doenças crônicas na idade adulta, tais como obesidade, diabetes, hipertensão, doenças cardiovasculares, câncer, entre outras.

As deficiências de ferro, cálcio e a anemia na gestação são particularmente preocupantes. Dados recentes indicam que uma em cada três mulheres em idade fértil e 42% das gestantes sofrem anemia. Muitas vezes, a anemia não está sozinha, pois é um reflexo da inadequação da dieta associada à carência de diversos outros nutrientes como ferro, vitamina A, zinco, ácido fólico e vitamina B12. A deficiência de cálcio é mais comum do que se imagina e está relacionada com maior risco de hipertensão, pré-eclampsia e eclampsia na gestação, distúrbios bastante graves.

Cada fase gestacional impõe necessidades nutricionais específicas que precisam ser revisadas ao longo dos nove meses da gravidez. Por exemplo, o primeiro trimestre é caracterizado por intenso aumento no fluxo sanguíneo. Por isso, as vitaminas e minerais ligados ao sistema circulatório são prioritários. Já no último trimestre da gestação, o ritmo de crescimento do bebê aumenta bastante, impondo à gestante maior necessidade de calorias e cálcio, por exemplo. Além disso, dependendo da evolução da gestação, cuidados especiais deverão ser redobrados, como acontece nos casos de diabetes gestacional.

Outro momento importante que a nutrição pode ajudar à gestante é durante o trabalho de parto, que pode se alargar por muitas horas impondo um desgaste físico intenso para o corpo da mulher. Algumas orientações nutricionais específicas podem ajudar a diminuir desconfortos, gases, cansaço, náuseas, vômitos e diarreia, por exemplo, durante o trabalho de parto.

De modo geral, os objetivos nutricionais que buscarei com
cada cliente gestante incluem:

  • Assegurar o adequado crescimento e desenvolvimento fetal
  • Reduzir o risco de malformações congênitas
  • Reduzir o risco de doenças e problemas de saúde durante a gestação
  • Garantir um ganho de peso saudável
  • Reduzir o risco de doenças crônicas (obesidade, hipertensão, diabetes, doenças cardiovasculares e câncer) em outras etapas da vida, para o bebê e para a mamãe
  • Evitar um impacto nutricional negativo na mãe
  • Prevenir, tratar e/ou aliviar problemas e sintomas comuns durante a gestação, tais como:
    • Refluxo, azia e queimação
    • Anemia e deficiência de ferro
    • Constipação (prisão de ventre) e hemorroidas
    • Câimbras, inchaços e problemas de circulação
    • Infecções urinárias recorrentes
    • Diabetes gestacional
    • Distúrbio hipertensivo da gravidez
    • Desequilíbrio da microbiota intestinal
    • Hipotireoidismo

Meu trabalho busca entender as necessidades e objetivos individuais em cada fase gestacional, incluindo desde o período antes da concepção até o nascimento e pós-parto, assim como ajudar e orientar cada cliente para atingir um ótimo estado nutricional e de saúde. Além de toda orientação alimentar, em alguns casos também prescreverei suplementos específicos para cobrir as necessidades individuais de nutrientes essenciais.

Parto e Nascimento

Durante o parto e o nascimento, duas práticas são essenciais para assegurar a melhor nutrição para o bebê recém-nascido e a mãe:

  • Aguardar o momento ótimo para cortar o cordão umbilical: o momento ideal para o corte do cordão umbilical para todos os bebês, independente da idade gestacional ou do peso, é quando o cordão parar de pulsar (aproximadamente 3 minutos ou mais após o nascimento). O bebê deve ser colocado sobre o abdômen da mãe, coberto com panos secos, e deve-se aguardar o cordão parar de pulsar para ser cortado. Nesses primeiros minutos após o nascimento, há ainda passagem de sangue adicional da placenta para o bebê. O corte imediato (nos primeiros 10 a 15 segundos após o nascimento) impede o bebê de receber adequado volume sanguíneo e mineral ferro. Essa medida simples e fácil de ser implementada previne a deficiência de ferro e a anemia nos primeiros meses de vida. Essa proteção dura até cerca dos 6 a 8 meses de idade, quando os alimentos ricos em ferro começam a ser introduzidos na alimentação complementar do bebê. A anemia em bebês menores de dois anos é um grave problema de saúde pública com sérias consequências para o crescimento e desenvolvimento infantil.
  • Contato imediato pele a pele entre o bebê e a mãe e aleitamento materno na primeira hora de vida: o bebê que está respirando e estável deve ser colocado o antes possível sobre o abdômen materno (próximo ao peito) e em íntimo contato pele a pele com a mãe (barriga com barriga), coberto por panos secos e quentes sobre as suas costas. Esse contato imediato é fundamental para a regulação da temperatura do bebê, melhora consideravelmente o vínculo mãe-bebê (apego precoce), e favorece o início oportuno do aleitamento materno na primeira hora de vida. O início imediato da amamentação (ao longo da primeira hora de vida) é fundamental para a sobrevivência do recém-nascido e está associado com o sucesso da amamentação exclusiva. Além disso, mesmo depois do parto, ao longo dos primeiros dias de vida, o contato pele a pele mãe e bebê deve ser encorajado e facilitado, pois ajuda a manter a temperatura corporal do bebê, promove o aleitamento materno e facilita o vínculo mãe-bebê.

Ambas as medidas são efetivas, seguras, factíveis e baseadas totalmente em evidências científicas. Devem ser oferecidas às mães nos minutos imediatos que seguem ao nascimento. Os procedimentos de rotina que separam mãe e bebê, comuns em maternidades e hospitais (tais como limpar, pesar e medir o recém-nascido) impactam negativamente na amamentação e devem ser realizados posteriormente. Inclusive em partos cirúrgicos (cesarianas), a assistência ao recém-nascido pode ser realizada respeitando essas duas medidas de saúde pública que são essenciais para melhorar a nutrição materno-infantil.

Apesar de estas medidas não serem realizadas sob a responsabilidade de um profissional da área de nutrição, busco aqui oferecer estas informações precisas para orientar as gestantes e suas famílias sobre práticas essenciais que salvam vidas e asseguram o melhor início de vida para o bebê recém-nascido do ponto de vista nutricional. A gestante e a família informada podem conversar com o profissional que estará acompanhando o parto para certificar-se da realização dessas medidas (obstetriz, enfermeira obstetra, obstetra e/ou pediatra neonatologista).

Após a gestação: o puerpério

O pós-parto ou puerpério dura bem mais do que os iniciais quarenta dias após o nascimento. É um momento único e confuso, repleto de altos e baixos emocionais e físicos, caos nos primeiros dias, dúvidas e até mesmo angustias. As mudanças na vida da mulher e da família são imensas, a começar pela relação com o próprio corpo após a gestação, a responsabilidade da nutrição de outro ser humano e a disponibilidade física e emocional para cuidar de um bebê.

Do ponto de vista nutricional, a mulher após o parto necessita grande quantidade de nutrientes, especialmente para a produção do leite materno. A mulher que amamenta está queimando cerca de 600 kcal a mais por dia, o equivalente a correr uma hora por dia, todos os dias. Quem corre ou já correu, sabe bem o desgaste que isso significa! É por isso que muita fome e muita sede são comuns durante a amamentação.

A nova rotina, as mudanças no ritmo de sono e eventualmente as cólicas ou alergias do bebê podem impor mais dificuldades na alimentação da mãe.

No pós-parto, os objetivos nutricionais que busco cuidar com cada mulher incluem:

  • Amparar e acolher a nova mãe em suas dúvidas e inseguranças, principalmente com relação à amamentação e toda nutrição da dupla mãe-bebê
  • Assegurar o ótimo estado nutricional da mãe lactante e do bebê
  • Apoiar na amamentação, ajudando para que seja exclusiva até os seis meses de idade e continuada até os dois anos de idade ou mais, sob livre demanda (recomendação da Organização Mundial da Saúde, Unicef e Ministério da Saúde)
  • Permitir a redução saudável do peso e da gordura corporal
  • Aliviar desconforto por sintomas indesejados durante o pós-parto, tais como insônia, prisão de ventre, hemorroidas, alterações de humor, estresse, etc
  • Revisar a alimentação da mãe lactante com restrições dietéticas, comuns nos casos de alergias do bebê e/ou da mãe ao leite de vaca, soja, peixe e crustáceos, oleaginosas e glúten, por exemplo
  • Ajudar no processo de fusão emocional mãe-bebê

De modo totalmente individualizado, orientarei uma alimentação balanceada, viável e prazerosa, adaptada à nova rotina da família e adequada para atender às demandas nutricionais do pós-parto e os objetivos pessoais de composição corporal e saúde da mulher. Em alguns casos, também prescreverei suplementos específicos para cobrir as necessidades individuais de nutrientes essenciais.

Para valores, disponibilidade e mais informação, por favor entre em contato!

Aleitamento Materno

Se você está grávida ou deu à luz e precisa de ajuda ou informação sobre a amamentação, posso te ajudar de diversas formas. A amamentação é um presente, uma dádiva que vale por toda a vida.

Mas aquelas imagens idílicas do bebê mamando tranquilamente muitas vezes não combinam com a realidade. Inúmeras dificuldades surgem durante a amamentação. Devemos sempre lembrar quão delicado, especial e único é esse momento para a mulher. O apoio de um profissional experiente e empático, que realmente entenda o que você está enfrentando, pode ser decisivo no processo.

Durante sessões de aproximadamente uma hora, poderemos conversar sobre as suas dificuldades, avaliar o seu estado nutricional e do seu bebê e ir respondendo algumas dúvidas, tais como:

  • O que comer e o que não comer durante a amamentação?
  • O que é e como funciona na prática a amamentação sob livre demanda?
  • O que devo mudar na dieta em caso de alergias, cólicas, refluxos e/ou gases?
  • É possível manter um adequado estado nutricional para a produção de leite e também emagrecer?
  • Sinto muita fome e não estou satisfeita com o meu peso. Posso fazer alguma dieta?
  • Devo tomar alguma suplementação polivitamínica e de minerais? Fitoterápicos? Cápsulas de óleos essenciais?
  • Quais as diferenças da amamentação em cada fase/idade do bebê?
  • Quando e como introduzir outros leites ou fórmulas infantis na alimentação do bebê?
  • Quando posso ou devo dar água, chás, água de coco ou sucos para o bebê?
  • Como garantir a produção de leite materno mesmo depois de retomar o trabalho ou outras atividades?
  • Como fazer a ordenha, armazenamento e congelamento do leite materno? • Até quando dar de mamar? Como desmamar?

Para a maioria dessas perguntas, não existem respostas prontas. Juntas nós avaliaremos o seu momento pós-parto e da sua família, o seu estado nutricional e o do seu bebê, e também sua disponibilidade física e emocional para a amamentação.

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