Nutrição Infantil

18/01/2022

A alimentação e a nutrição infantil tem um profundo impacto na saúde, crescimento e no desenvolvimento individual e de nações inteiras.

As experiências alimentares na infância são decisivas para o ótimo crescimento e desenvolvimento, a adequada formação do paladar e dos hábitos alimentares, a prevenção de infecções, o saudável desenvolvimento psíquico e de laços afetivos, e também para a prevenção de doenças na idade adulta.

Os primeiros 1000 dias de vida de todo ser humano (os nove meses da gestação até o segundo aniversário) correspondem à "janela de oportunidades", por ser uma oportunidade única para assegurar um futuro mais saudável e próspero. Os danos físicos e cognitivos derivados da desnutrição nos primeiros anos de vida são irreversíveis e têm consequências para as gerações seguintes.

A verdadeira epidemia de obesidade infantil é uma realidade alarmante que compromete a saúde e o desenvolvimento de nossas crianças e jovens ao longo de toda a vida.

Aprenda mais sobre como posso ajudar a promover uma adequada nutrição infantil e prevenir ou enfrentar os problemas nutricionais em cada fase:

Parto e Nascimento

Durante o parto e o nascimento, duas práticas são essenciais para assegurar a melhor nutrição para o bebê recém-nascido e a mãe:

  • Aguardar o momento ótimo para cortar o cordão umbilical: o momento ideal para o corte do cordão umbilical para todos os bebês, independente da idade gestacional ou do peso, é quando o cordão parar de pulsar (aproximadamente 3 minutos ou mais após o nascimento). O bebê deve ser colocado sobre o abdômen da mãe, coberto com panos secos, e deve-se aguardar o cordão parar de pulsar para ser cortado. Nesses primeiros minutos após o nascimento, há ainda passagem de sangue adicional da placenta para o bebê. O corte imediato (nos primeiros 10 a 15 segundos após o nascimento) impede o bebê de receber adequado volume sanguíneo e mineral ferro. Essa medida simples e fácil de ser implementada previne a deficiência de ferro e a anemia nos primeiros meses de vida. Essa proteção dura até cerca dos 6 a 8 meses de idade, quando os alimentos ricos em ferro começam a ser introduzidos na alimentação complementar do bebê. A anemia em bebês menores de dois anos é um grave problema de saúde pública com sérias consequências para o crescimento e desenvolvimento infantil.
  • Contato imediato pele a pele entre o bebê e a mãe e aleitamento materno na primeira hora de vida: o bebê que está respirando e estável deve ser colocado o antes possível sobre o abdômen materno (próximo ao peito) e em íntimo contato pele a pele com a mãe (barriga com barriga), coberto por panos secos e quentes sobre as suas costas. Esse contato imediato é fundamental para a regulação da temperatura do bebê, melhora consideravelmente o vínculo mãe-bebê (apego precoce), e favorece o início oportuno do aleitamento materno na primeira hora de vida. O início imediato da amamentação (ao longo da primeira hora de vida) é fundamental para a sobrevivência do recém-nascido e está associado com o sucesso da amamentação exclusiva. Além disso, mesmo depois do parto, ao longo dos primeiros dias de vida, o contato pele a pele mãe e bebê deve ser encorajado e facilitado, pois ajuda a manter a temperatura corporal do bebê, promove o aleitamento materno e facilita o vínculo mãe-bebê.

Ambas as medidas são efetivas, seguras, factíveis e baseadas totalmente em evidências científicas. Devem ser oferecidas às mães nos minutos imediatos que seguem ao nascimento. Os procedimentos de rotina que separam mãe e bebê, comuns em maternidades e hospitais (tais como limpar, pesar e medir o recém-nascido) impactam negativamente na amamentação e devem ser realizados posteriormente. Inclusive em partos cirúrgicos (cesarianas), a assistência ao recém-nascido pode ser realizada respeitando essas duas medidas de saúde pública que são essenciais para melhorar a nutrição materno-infantil.

Apesar de estas medidas não serem realizadas sob a responsabilidade de um profissional da área de nutrição, busco aqui oferecer estas informações precisas para orientar as gestantes e suas famílias sobre práticas essenciais que salvam vidas e asseguram o melhor início de vida para o bebê recém-nascido do ponto de vista nutricional. A gestante e a família informada podem conversar com o profissional que estará acompanhando o parto para certificar-se da realização dessas medidas (obstetriz, enfermeira obstetra, obstetra e/ou pediatra neonatologista).

Conheça como a alimentação e a nutrição contribuem desde o início da vida até a idade adulta:

  • Vantagens da amamentação exclusiva até o sexto mês e continuada até pelo menos os dois anos de idade:

  • Evita mortes infantis
  • Evita diarreia
  • Evita infecção respiratória
  • Diminui o risco de alergias
  • Diminui o risco de hipertensão, colesterol alto e diabetes
  • Reduz a chance de obesidade
  • Melhor nutrição
  • Efeito positivo na inteligência
  • Melhor desenvolvimento da cavidade bucal (fundamental para o alinhamento correto dos dentes e uma boa oclusão dentária)
  • Proteção contra câncer de mama
  • Diminui riscos de fraturas por osteoporose
  • Diminui a perda de ferro e evita nova gravidez precoce
  • Menores custos financeiros
  • Promoção do vínculo afetivo entre mãe e filho
  • Melhor qualidade de vida

A partir do nascimento: Aleitamento materno

O aleitamento materno é a mais sábia estratégia natural de vínculo, afeto, proteção e nutrição para a criança. Amamentar é muito mais do que nutrir. É um processo que permite a profunda relação entre mãe e filho, com repercussões no estado nutricional da criança, em sua habilidade de se defender de infecções, em sua fisiologia e no seu desenvolvimento cognitivo e emocional, além de ter implicações na saúde física e psíquica da mãe também.

A amamentação é uma forma muito especial de comunicação entre a mãe e o bebê. Representa uma ótima oportunidade de a criança aprender muito cedo a se comunicar com afeto e confiança. Uma amamentação prazerosa, os olhos nos olhos e o contato contínuo entre mãe e filho fortalecem os laços afetivos, oportunizando intimidade, troca de afeto e sentimentos de segurança e de proteção na criança e de autoconfiança e de realização na mulher.

O aleitamento materno é a primeira prática alimentar de cada ser humano e se relaciona com a saúde ao longo de toda a vida. O aleitamento materno exclusivo até o sexto mês de vida e continuado até o segundo ano de vida ou mais está relacionado com a diminuição da mortalidade infantil, a redução na incidência de doenças infecciosas na infância (como pneumonia e diarreia) e alergias, a diminuição nas prevalências de obesidade, hipertensão, diabetes, doença cardiovascular, tanto na infância como na vida adulta, e até mesmo com um maior coeficiente intelectual.

Para a mãe que amamenta o aleitamento materno representa uma prevenção ao câncer de mama e ovário, além de diminuir o risco de fraturas por osteoporoses e a perda de ferro, e contribui para a redução do peso corporal aumentado pela gestação.

Apesar de todas as evidências provando a superioridade da amamentação sobre todas as outras formas de alimentar um bebê, as taxas de aleitamento materno no Brasil estão bastante abaixo do recomendado. Apesar de 95% das crianças brasileiras ter sido alguma vez amamentada, esse número cai drasticamente ao longo dos dois primeiros anos de vida. A mediana de aleitamento materno exclusivo no Brasil é de apenas 54 dias (o recomendado nacional e internacionalmente são seis meses). Seis em cada dez bebês brasileiros não recebem a nutrição ideal recomendada com o aleitamento materno exclusivo até o sexto mês de vida.

Diversas causas explicam as dificuldades e obstáculos para assegurar essa nutrição ótima. Como nutricionista, buscarei ajudar cada família para garantir a melhor nutrição possível para a mãe e para o bebê.

A promoção e apoio ao aleitamento materno requer um olhar atento, abrangente, sempre levando em consideração os aspectos emocionais, a cultura familiar, a rede social de apoio à mulher, entre outros. Por isso, o trabalho que realizo reconhece a mulher como protagonista do seu processo de amamentar, valorizando-a com o máximo respeito às suas escolhas, dúvidas e dificuldades.

A partir do 6º mês: Introdução da alimentação complementar

A introdução da alimentação complementar representa as primeiras experiências alimentares do bebê. A partir de agora, a nutrição que dependeu apenas da mãe desde o útero materno até o final da amamentação exclusiva será influenciada pelos alimentos oferecidos pela família.

Para o bebê, não só a sua saúde, crescimento e desenvolvimento dependerão do sucesso da introdução da alimentação complementar, mas também a formação do seu paladar, hábitos alimentares e a saudável relação com o alimento.

É um momento de muitas perguntas e orientações controversas. Por quais alimentos começar? Como preparar e combinar os alimentos? Quanto o bebê deve comer? Comer sozinho? Meu bebê não quer comer, o que faço? Meu bebê come demais?

Entre dúvidas, expectativas e angústias, procuro fundir todo meu conhecimento teórico com minha experiência prática, para que juntos possamos construir uma saudável, prazerosa e divertida experiência nutricional para toda a família.

Seja participando da Oficina de Introdução Alimentar ou em consultas individuais (Consulta nutricional infantil), aprenderemos nessa fase sobre:

  • O aleitamento materno e a alimentação. Mamar antes ou depois das refeições? Amamentação e aleitamento artificial.
  • A ordem da introdução de alimentos. Calendários de introdução alimentar?
  • Os grupos alimentares, combinações de alimentos e receitas nutritivas.
  • Melhores panelas e utensílios. Armazenamento e congelamento de alimentos e papinhas.
  • O comportamento alimentar do bebê, comer sozinho, preferências, recusas, inapetências.
  • Baby-Led Weaning (BLW) e a valorização da iniciativa espontânea do bebê comer sozinho.
  • Quanto meu bebê deve comer? Expectativas, frustrações e aprendizagens.
  • Consistência e textura dos alimentos.
  • Alergias e intolerâncias alimentares.
  • Alimentos orgânicos, convencionais, condimentos, transgênicos, etc.
  • Lanches e refeições saudáveis fora de casa.
  • Volta ao trabalho da mãe. Ordenha e congelamento de leite materno.
  • Higiene, segurança alimentar e preparo de receitas.
  • Bebês com prisão de ventre, diarreias, refluxo, infecções frequentes, etc.

1 a 5 anos: Alimentação de crianças preescolares

A partir de 1 ano, o bebê continua ganhando cada vez mais autonomia em seus movimentos, engatinhando rapidamente e já aprendendo a andar. Logo estará correndo. Por outro lado, o ritmo do seu crescimento desacelera. O apetite e as preferências alimentares mudam. Novas demandas nutricionais surgem.

A formação do paladar dependerá em grande parte da alimentação oferecida à criança nos seus primeiros anos de vida.

Após o seu primeiro aniversário, geralmente o bebê já está liberado para comer a alimentação normal da família. Maior exposição a alimentos, mais contato social e a alimentação habitual da família podem favorecer o consumo de doces, guloseimas e alimentos industrializados. Quanto de açúcar, sal e gordura pode fazer parte da dieta infantil?

Juntos poderemos entender melhor a dinâmica de cada criança e da família para encontrar alternativas para melhorar a alimentação e a nutrição infantil:

  • Principais nutrientes para o crescimento, desenvolvimento e o sistema imunológico.
  • As preferências alimentares definidas. Como lidar com a recusa de alimentos e como substituir alimentos para manter as refeições equilibradas.
  • A monotonia alimentar, fases de inapetências, ideias e receitas criativas para oferecer alimentos saudáveis.
  • As fases das manias alimentares e como enfrentá-las.
  • Alergias e intolerâncias alimentares.
  • Desmames
  • Aprendendo a comer sozinho, uso de utensílios e comportamentos à mesa.
  • Crianças com problemas nutricionais: sobrepeso, déficit de crescimento, anemia, desnutrição, colesterol alto, carências de vitaminas e minerais, etc.
  • Lanches e refeições saudáveis fora de casa.
  • Dicas para a compra e preparo de alimentos e receitas divertidas e saudáveis para preparar com as crianças.

6 a 10 anos: Alimentação de crianças em idade escolar

A criança e a família já conhecem bem as preferências, o comportamento e a rotina alimentares. Mais vida social, refeições na escola e fora de casa, influência da mídia e dos colegas expõem a criança a alimentos nem sempre saudáveis ou em porções adequadas para o seu tamanho.

Além disso, nessa idade boa parte da formação do paladar e dos hábitos alimentares já está concluída. Mas isso não significa que já não conseguiremos propor mudanças ou introduzir rotinas mais saudáveis. Com bom-humor, criatividade, afeto e paciência, conseguimos excelentes resultados!

A família pode buscar um acompanhamento nutricional para enfrentar algum problema específico: crianças com colesterol elevado, sobrepeso/obesidade, diabetes, anemia, déficit de crescimento ou carências nutricionais, por exemplo. Sem dúvidas, em todos esses casos, posso ajudar com um tratamento nutricional individualizado e adequado às necessidades da criança. E sem dietas ou restrições severas, e sim com um aconselhamento que busque promover a educação nutricional, tanto para a criança como para a família.

Por outro lado, também gosto muito de realizar o que chamo de trabalho preventivo para a promoção da alimentação e nutrição saudável. Muitas vezes não só a criança começa a se alimentar melhor, mas também toda a família aprende um pouco mais de nutrição.

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